sábado, 3 de novembro de 2007

Telhados

Quando vi a primeira vez os telhados de cima de um prédio mais alto, foi algo marcante. Lembro perfeitamente da beleza de cada desenho deles. Das cores. Das idades deles. Da disposição deles. Era uma imagem linda, maravilhosa.
As sensações, vindas daquela visão, aos poucos se afastaram do encantamento. Fui empurrada para uma reflexão. Aquela beleza deveria indicar para um pensamento alegre. Mas, não foi assim.
De repente, cada um daqueles telhados gritavam suas vidas. Faziam saltar por eles os problemas, os dramas, as dificuldades, as tristezas, os fracassos, os desamores, as solidões, as alegrias, as vitórias, as riquezas, os projetos, as decisões...As vidas, as gentes, os caminhos. Os não, os sims. Os quês, os porquês. O encontro e o desencontro. O tudo e o nada. As coisas da vida e as vidas vividas, telhado por telhado, que meus olhos alcançavam.
Foi tão marcante, foi tão intensa que a sensação era de que a compreensão da vida, para mim, se inciava ali.
Tão completa, tão nua, tão crua que ainda hoje o telhado é a imagem mais significativa dentre todas para mim.
E.M

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Rumos

Vida, rumos, separações...
Um dia, a qualquer momento, outro rumo tomamos, e sem consultas, quase sempre.
Nem sempre é uma opção, nem sempre uma imposição. Mas, ali estão eles, a nossa espera. E sempre , sempre mesmo, são momentos exigentes e delicados. Quer sejam oportunos, quer não, o fato é que são cruciais.
E é assim que algumas separações são doídas, dramáticas, tristes...E muitos deles me fazem questionar, afinal, porque acontecem. Fazem nascer a saudade. Parece contraditório, mas não é.
A saudade só existe porque alguém ou alguma situação foi marcante, importante. E não tenho em meu conceito de que a saudade seja prazerosa. É, como sempre digo, a manifestação da perda de uma parte da nossa vida. Sim...uma perda. O rumo novo tem como exigência essencial a renúncia daquele antes trilhado.
E, num lamento enorme, fica nele o amigo, o sonho, uma conquista, um reconhecimento, um prazer, um objetivo e tantas outras coisas. E tudo isto assusta ao nos depararmos já no rumo à frente: existirá um novo amigo? Quantos objetivos serão alcançados? Sim, se por eles ou em função deles, que antes de um futuro acenava o rumo passado e, aqui diante do novo, de imediato acenam a certeza da perda, nem sempre o ganho, eis que, naturalmente, um outro rumo virá? Quer por opção...quer por imposição...mas sempre, com certeza, deixando nascer a saudade.
E.M