terça-feira, 18 de setembro de 2007

Aniversário

Por algum tempo da minha vida, vi meu pai e minha mãe juntos.
Nasci deles. Sou fruto deles.
Eram pessoas simples. Na verdade, não sei bem se a simplicidade que via neles não se devesse, exatamente, pela ausência da simplicidade em mim...não sei bem...
Numa forma simplista e curiosa, me perguntava sempre, ao lhes olhar, e me vendo nascida, se sabiam o que era realmente colocar no mundo um outro ser humano. Se sabiam o quanto como ser humano? O que pretenderam, efetivamente, ao ter um filho? Imaginaram do que seria recheado este ser humano nascido deles? Será que cogitaram que o mundo não era somente, e nem somente ofereceria a este novo ser, apenas aquilo de suas pretensões? Que ser quiseram fazer? Quem e como, ao decorrer da vida, se apresentou para eles este ser humano nascido deles? Qual de seus fracassos, qual de suas virtudes impregnou este ser nascido deles? Ou será que o mundo, ao decorrer da vida, tomou conta deste ser e deles nele nada restou?
Hoje é o dia em que se conta o tempo da minha vida. Vi, por algum tempo, meu pai e minha mãe juntos e perguntei tudo isso ao vê-los. O mundo, no passar da vida, não os deixou juntos para que juntos pudessem saber de seu fruto.
Mas, hoje, contando o tempo, talvez eu queira pensar de outra forma. O mundo, pai e mãe, me rechearam, sim, de outras coisas . Inclusive, da pretensão. Uma pretensão recheada de todos os questionamentos alinhados acima e com possível descaso em relaççao a vocês. Mas, não me roubou sentimentos. E eles se permanecem, exatamente, porque a simplicidade de juntos fazerem nascer um ser, independente de quem pudesse ele vir a ser, é o maior e mais belo presente que me puderam oferecer.
E.M